terça-feira, 31 de agosto de 2010

Engenheiros, arquitetos e acessibilidade no CONFEA

Algo extremamente preocupante acontece quando participamos de eventos nacionais sem atenção forte a questões de respeito ao cidadão, à sua dignidade, aos direitos humanos. Temos assuntos que a grande mídia escolheu para “mexer” com os brasileiros, com certeza os direitos das pessoas com deficiências (PcD) não são prioritários ou careceram de destaques fortes, contínuos e eficazes. O resultado é a perda de sensibilidade para questões relativas ao ser humano em geral.

Os governos e parlamentares fizeram sua parte, temos leis. Eles mesmos, contudo, arrefeceram suas ações diante da visão de neutralidade de uma nação jovem, ainda longe de problemas que poderão adquirir por doenças, acidentes ou simples envelhecimento.


Durante uma semana, dois eventos vinculados ao CONFEA[i], a 67ª. Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e o 7º. Congresso Nacional dos Profissionais, realizado em Cuiabá, MT, de 22 a 28 de agosto de 2010, discutiram a situação desses profissionais no Brasil e o cenário brasileiro. Nesse ambiente reafirmou-se o apagão técnico que nosso país enfrentou nessas duas últimas décadas. Talvez pior que isso foi o desmanche de sentimentos de cidadania, o desvirtuamento de prioridades sociais (agora a moda é CO2 e floresta amazônica) e a alienação espantosa de nossas lideranças.


Nesse evento do CONFEA tivemos um Fórum da Mulher, poderia ser melhor, e nada exceto a atuação digna e merecedora de destaque do CREA do MS submetendo voluntários à utilização de cadeiras de rodas, vendas e bengalas. O tema “Acessibilidade” merece mais. Nesse congresso poderíamos ter, por exemplo, melhor uso para os telões, onde “closed caption” permitiria maior compreensão das palavras dos palestrantes e, paralelamente, tradutores em LIBRAS estariam no palco fazendo tradução simultânea. Cadeiras adequadas para obesos e melhor assistência aos idosos seria algo justo, até pela enorme quantidade de cabeças brancas.

O que não é privilégio deste evento é a omissão em relação às PcD.

O que constrange é saber que algo desta magnitude, reunindo profissionais que afetarão a vida de todos os brasileiros, não demonstrou de forma explícita, forte, cabal e marcante a importância do mútuo respeito e a importância da acessibilidade.

O próximo evento, a 68ª. SOEAA acontecerá em Florianópolis no próximo ano. Os CREAS devem construir propostas, levar teses, defender causas nesse evento. Nossa esperança é a de que tenhamos avanços significativos em questões sociais, até porque elas afetam profundamente o planejamento e manutenção de cidades, prédios, clubes, repartições públicas, fábricas etc.

Está na hora de nossos arquitetos e engenheiros se convencerem de que precisam dar atenção maior aos idosos, às PcD, às crianças. Vivemos num país em que os acidentes são espantosamente numerosos e trágicos por erros colossais de concepção, projeto, construção e manutenção de calçadas a ônibus, arenas a clubes, ruas a calçadas, habitações populares a condomínios de luxo etc., enfim, a muita coisa que poderia ser melhor, afinal tecnologia para isso existe. É só querer. Aí, contudo, nosso drama: nossos líderes têm consciência disso e amam seu povo?

Teremos eleições, vamos eleger presidente da República, governadores, parlamentares e, em nosso nível profissional, presidentes de CREAS e do CONFEA. Quais são as propostas e prioridades dos candidatos?

Cascaes
31.8.2010

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[i] O Confea surgiu oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de 1933, por meio do Decreto nº 23.569, promulgado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas e considerado marco na história da regulamentação profissional e técnica no Brasil.

Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia é regido pela Lei 5.194 de 1966, e representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, num total de centenas de títulos profissionais.

O Confea zela pelos interesses sociais e humanos de toda a sociedade e, com base nisso, regulamenta e fiscaliza o exercício profissional dos que atuam nas áreas que representa, tendo ainda como referência o respeito ao cidadão e à natureza.

Em seus cadastros, o Sistema Confea/Crea tem registrados 900 mil profissionais que respondem por cerca de 70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado de trabalho cada vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem.

O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode recorrer no que se refere ao regulamento do exercício profissional.

http://www.confea.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=140&pai=4&sub=21

João Batista Lopes e o Ulisses - Piauí





Jary Castro

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