terça-feira, 31 de agosto de 2010

Engenharia e Arquitetura e a ousadia

Qualquer cidadão deseja estabilidade, segurança, ou pelo menos essa é a vontade de muitas pessoas que estudam, trabalham, vivem dentro de seus padrões pré-fixados. Pode-se acreditar que a imensa maioria realmente gosta de viver confortavelmente, só arriscando o suficiente para sentir “adrenalina”, como ouvimos principalmente entre os jovens.

Um perigo é o excesso de timidez, ou virtude, dependendo do potencial de cada um. Obviamente não podemos querer que patos cantem feito canários e tartarugas saiam voando. De qualquer forma, se Darwin estava certo, foi o que aconteceu ao longo da história dos seres vivos sobre a Terra. De alguma forma seus ancestrais estimularam ou foram submetidos a mudanças e gradativamente ganharam aptidões extraordinárias.

Se as mudanças morfológicas consomem milhões ou bilhões de anos, alterar comportamentos é mais fácil, desde que saibamos estimular atitudes e reações. Durante uma semana, dois eventos vinculados ao CONFEA (Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), a 67ª. Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e o 7º. Congresso Nacional dos Profissionais, realizado em Cuiabá, MT, de 22 a 28 de agosto de 2010, discutiram a situação desses profissionais no Brasil e o cenário brasileiro. Nesse período tivemos a oportunidade de ouvir pessoas extraordinárias, entre elas o Dr. diretor geral da Brainstorming, Raul José dos Santos Grumbach, que, falando sobre “Cenários Prospectivos para o Brasil”, disse, entre outras coisas, evidentemente com os riscos da estimativa de cenários:



• as 10 profissões que serão indispensáveis em 2015 nem sequer existem em 2010;

• estamos preparando estudantes para profissões que nem existem, que usarão tecnologias que ainda não foram inventadas para resolver problemas que ainda nem sabemos que existem;

• estima-se que o conhecimento humano esteja dobrando a cada 72 horas;

• há previsões de que em 2022 haverá um supercomputador que excederá a capacidade computacional de um cérebro humano;

• em 2050 um computador de U$$ 1.000,00 excederá a capacidade computacional da humanidade;

Perguntando:

• qual será o perfil do Engenheiro do futuro?

• Em que grau a tecnologia substituirá o atual papel do Arquiteto, Agrônomo, Engenheiro, Tecnólogo, Médico, Professor etc.

Ou seja, quando vemos discussões bizantinas em torno de atribuições de profissionais, tipos de diploma e outras questões clássicas podemos estar esquecendo o futuro próximo, já nem distante.

Obviamente nada impede que simplesmente enfiemos a cabeça em algum buraco e façamos promessas e rezas para termos um futuro garantido, melhor. Isso acontecerá se continuarmos a ter como principal preocupação o resultado da Copa do Mundo ou gastarmos nossas energias para descobrir as delícias de algum vinho.

Sim, até a alienação é possível, pois felizmente alguns pensam, trabalham e lutam para que todos tenham uma vida melhor.

Queremos, apesar de toda a alienação de muitos, uma vida melhor. Diante dos tremendos desafios e oportunidades que aparecem, é tempo de aprofundarmos discussões sobre Engenharia, Arquitetura, Urbanismo, Mobilidade, Acessibilidade, sobrevivência, a vida, enfim.

Está aí um bom desafio para o CONFEA, CREAs, IAB, Universidades etc.

O Brasil não pode perder mais esse “bonde” com atavismos que já nos custaram muito caro. Com certeza nos centros mais desenvolvidos o futuro está sendo construído.



Cascaes

31.9.2010



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